Do latim: truncus – menciona o corpo humano,
com exceção da cabeça e dos membros; o caule de árvore; o cepo com olhais usado
antigamente para os suplícios; origem de uma família, de uma raça; parte de uma
coluna, entre a base e o capitel.
Em Maçonaria o termo “tronco” é usado para
designar as contribuições financeiras dos Obreiros durante os trabalhos de uma
Loja e destinadas às obras assistenciais da Oficina.
O termo “Tronco” é, portanto de origem francesa, já
que no idioma francês, a palavra tanto pode ser tomada como tronco
(do corpo humano, de uma árvore, etc.), bem como a “caixa de esmolas”, já
que é tradicional nas igrejas francesas a existência, na sua entrada, de uma caixa
para óbolos (donativos), identificada simplesmente pela palavra “tronc”. Nesse
sentido é então feito o uso do termo em Maçonaria como uma espécie de sinônimo
de caixa de esmolas.
O termo original era mesmo de o “tronco
da viúva”, já que por razões existenciais, primárias e doutrinárias,
simbolicamente a viúva é a Maçonaria e os Maçons os seus filhos (a mãe Terra
fica viúva do Sol, durante os três meses de inverno), assim o título em
Maçonaria seria mais correto do que o atual Tronco de Beneficência,
ou de Solidariedade, já que ambos exprimem redundância, pois se o
mesmo é a caixa de esmolas, evidentemente o seu produto é destinado à
beneficência, ou às obras de caridade.
A discrição expressa pelo ato na Maçonaria
(REAA.´.) quando o Hospitaleiro apresenta a bolsa segura pelas duas mãos na
altura do seu quadril esquerdo e o rosto virado para o lado oposto, origina-se
do costume praticado na França, principalmente entre os séculos XVI e XVII
quando permanecia junto à porta da igreja um membro da confraria religiosa,
cujo título era nominado como “hospitalário” que munido de uma bolsa, ou saco
preso a tiracolo da direita para a esquerda, oferecia o recipiente aos fiéis
que deixavam ao final a prática religiosa semanal. O ato tinha por objetivo
recolher ajuda para os pobres e necessitados. Nessa oportunidade o
hospitalário objetivando uma atitude recatada abria e oferecia aos fiéis a
bolsa, ou saco com as duas mãos pelo lado esquerdo do seu corpo, ao mesmo tempo
em que dirigia o olhar para o sentido contrário. Essa postura (da discrição, do
recato e da sobriedade) viria influenciar diretamente o ato praticado
posteriormente nas Lojas Maçônicas pelo ofício do Hospitaleiro.
Alguns respeitáveis historiadores atribuem o
costume do “tronco” como haurido das antigas “Guildas” que, em parte podem ser
consideradas como precursoras da Maçonaria, sobretudo com as suas normas de
socorro mútuo, fraternidade e solidariedade. Nas Guildas praticava-se o costume
de se reunirem num recipiente as contribuições destinadas às viúvas e aos
órfãos.
Na Maçonaria o Tronco destinado à solidariedade é
indubitavelmente a expressão lata e o símbolo de como se deve praticar
solidariedade de modo sigiloso e sem ostentação. Assim, o giro do Tronco é
obrigatório e tem a sua suspensão quando é terminada a coleta em cada
sessão.
Apesar da obrigatoriedade do procedimento,
sabiamente o giro não permite que se saiba quem deu mais, ou menos, ou quem
nada pode dar. A prática individual da virtude da solidariedade é concebida
durante o giro com a mão direita fechada introduzida no recipiente (bolsa, ou
saco) logo abaixo da abertura. Em ato seguinte o contribuinte retira a mão
completamente aberta.
Em Maçonaria, sem qualquer proselitismo religioso,
ensina-se que o Tronco se inspira na moral dos velhos princípios hebraicos e
posteriormente sublimados pelas palavras do Evangelho – “Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua (mão) esquerda o que faz
a tua direita” (Mateus, 6,2-3).
No
tocante aos recursos que cada Maçom dispõe para a caridade, o ensinamento
praticado desde os mais remotos catecismos
maçônicos (base dos rituais) inspira-se na oferta da pobre viúva (a Viúva e
o Gazofilácio - local, em um templo, em que eram recolhidos e conservados os
vasos e as oferendas; cofre para joias; escrínio), cuja contribuição “Jesus”
considerou mais valiosa e significativa do que todas as outras ali depositadas.
É oportuno salientar que a prática da beneficência
é divisa de toda a Maçonaria, independente do Rito praticado ou da sua vertente
originária (francesa ou inglesa). Apenas o que pode se diferenciar entre
Ritos e Trabalhos maçônicos são os procedimentos ritualísticos para a
coleta.
É então imperativo se compreender que se existem
Ritos, ou Trabalhos (do Craft) que não possuam passagens ritualísticas como o
da circulação do Tronco, isso não significa em hipótese alguma que nestes não
exista a prática da solidariedade e caridade maçônica.
A questão é apenas de como se pratica a caridade,
pois independente do modo ou artifício ela é unânime em toda a Sublime
Instituição.
Finalizando, não é possível uma Loja instituir
taxas, doações, ou limites monetários para a prática da beneficência. A
questão é a prática da Virtude, do calor humano, da Solidariedade e da
sensibilização exarada pelo Amor. Afinal o fundamento do amor ao próximo também
é um ideário maçônico e não carece de leis e regulamentos para a sua afirmação,
porém a Maçonaria ensina que não existe Caridade sem Equidade.
Fonte: JB News – Informativo nr. 1.430
Florianópolis(SC) quinta-feira, 14 de agosto de 2014.
Colaboração do
Ir.´. Joaquim Farias de Oliveira
m.´.M.´.I.´. 33º FRC
Membro da B.´.A.´.R.´.L.´.S.´. Divina
Luz, nº 39
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