quarta-feira, 13 de setembro de 2017

TRONCO DE SOLIDARIEDADE OU BOLSA DE BENFICENCIA







Do latim: truncus – menciona o corpo humano, com exceção da cabeça e dos membros; o caule de árvore; o cepo com olhais usado antigamente para os suplícios; origem de uma família, de uma raça; parte de uma coluna, entre a base e o capitel.
Em Maçonaria o termo “tronco” é usado para designar as contribuições financeiras dos Obreiros durante os trabalhos de uma Loja e destinadas às obras assistenciais da Oficina. 


O termo “Tronco” é, portanto de origem francesa, já que no idioma francês, a palavra tanto pode ser tomada como tronco (do corpo humano, de uma árvore, etc.), bem como a “caixa de esmolas”, já que é tradicional nas igrejas francesas a existência, na sua entrada, de uma caixa para óbolos (donativos), identificada simplesmente pela palavra “tronc”. Nesse sentido é então feito o uso do termo em Maçonaria como uma espécie de sinônimo de caixa de esmolas. 

O termo original era mesmo de o “tronco da viúva”, já que por razões existenciais, primárias e doutrinárias, simbolicamente a viúva é a Maçonaria e os Maçons os seus filhos (a mãe Terra fica viúva do Sol, durante os três meses de inverno), assim o título em Maçonaria seria mais correto do que o atual Tronco de Beneficência, ou de Solidariedade, já que ambos exprimem redundância, pois se o mesmo é a caixa de esmolas, evidentemente o seu produto é destinado à beneficência, ou às obras de caridade.

A discrição expressa pelo ato na Maçonaria (REAA.´.) quando o Hospitaleiro apresenta a bolsa segura pelas duas mãos na altura do seu quadril esquerdo e o rosto virado para o lado oposto, origina-se do costume praticado na França, principalmente entre os séculos XVI e XVII quando permanecia junto à porta da igreja um membro da confraria religiosa, cujo título era nominado como “hospitalário” que munido de uma bolsa, ou saco preso a tiracolo da direita para a esquerda, oferecia o recipiente aos fiéis que deixavam ao final a prática religiosa semanal. O ato tinha por objetivo recolher ajuda para os pobres e necessitados. Nessa oportunidade o hospitalário objetivando uma atitude recatada abria e oferecia aos fiéis a bolsa, ou saco com as duas mãos pelo lado esquerdo do seu corpo, ao mesmo tempo em que dirigia o olhar para o sentido contrário. Essa postura (da discrição, do recato e da sobriedade) viria influenciar diretamente o ato praticado posteriormente nas Lojas Maçônicas pelo ofício do Hospitaleiro.

Alguns respeitáveis historiadores atribuem o costume do “tronco” como haurido das antigas “Guildas” que, em parte podem ser consideradas como precursoras da Maçonaria, sobretudo com as suas normas de socorro mútuo, fraternidade e solidariedade. Nas Guildas praticava-se o costume de se reunirem num recipiente as contribuições destinadas às viúvas e aos órfãos.

Na Maçonaria o Tronco destinado à solidariedade é indubitavelmente a expressão lata e o símbolo de como se deve praticar solidariedade de modo sigiloso e sem ostentação. Assim, o giro do Tronco é obrigatório e tem a sua suspensão quando é terminada a coleta em cada sessão. 

Apesar da obrigatoriedade do procedimento, sabiamente o giro não permite que se saiba quem deu mais, ou menos, ou quem nada pode dar. A prática individual da virtude da solidariedade é concebida durante o giro com a mão direita fechada introduzida no recipiente (bolsa, ou saco) logo abaixo da abertura. Em ato seguinte o contribuinte retira a mão completamente aberta.

Em Maçonaria, sem qualquer proselitismo religioso, ensina-se que o Tronco se inspira na moral dos velhos princípios hebraicos e posteriormente sublimados pelas palavras do Evangelho – Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua (mão) esquerda o que faz a tua direita (Mateus, 6,2-3).

No tocante aos recursos que cada Maçom dispõe para a caridade, o ensinamento praticado desde os mais remotos catecismos maçônicos (base dos rituais) inspira-se na oferta da pobre viúva (a Viúva e o Gazofilácio - local, em um templo, em que eram recolhidos e conservados os vasos e as oferendas; cofre para joias; escrínio), cuja contribuição “Jesus” considerou mais valiosa e significativa do que todas as outras ali depositadas.
É oportuno salientar que a prática da beneficência é divisa de toda a Maçonaria, independente do Rito praticado ou da sua vertente originária (francesa ou inglesa). Apenas o que pode se diferenciar entre Ritos e Trabalhos maçônicos são os procedimentos ritualísticos para a coleta. 

É então imperativo se compreender que se existem Ritos, ou Trabalhos (do Craft) que não possuam passagens ritualísticas como o da circulação do Tronco, isso não significa em hipótese alguma que nestes não exista a prática da solidariedade e caridade maçônica. 

A questão é apenas de como se pratica a caridade, pois independente do modo ou artifício ela é unânime em toda a Sublime Instituição.

Finalizando, não é possível uma Loja instituir taxas, doações, ou limites monetários para a prática da beneficência. A questão é a prática da Virtude, do calor humano, da Solidariedade e da sensibilização exarada pelo Amor. Afinal o fundamento do amor ao próximo também é um ideário maçônico e não carece de leis e regulamentos para a sua afirmação, porém a Maçonaria ensina que não existe Caridade sem Equidade. 

Fonte: JB News – Informativo nr. 1.430 Florianópolis(SC) quinta-feira, 14 de agosto de 2014.

Colaboração do
Ir.´. Joaquim Farias de Oliveira m.´.M.´.I.´. 33º FRC
Membro da B.´.A.´.R.´.L.´.S.´. Divina Luz, nº 39

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