sábado, 24 de julho de 2010

SIMILARIDADES ENTRE A ARTE REAL E A ROSACRUZ R+C



A Alquimia Evidencia Uma Ligação Entre as Duas Ordens.
O rosacrucianismo, assim como a Maçonaria, é um sincretismo de diversas correntes filosóficas-religiosas: hermetismo egípcio, cabalismo judaico, gnosticismo cristão, alquimia etc. A primeira menção histórica da ordem data de 1614, quando surgiu o famoso documento intitulado “Fama Fraternitatis”, onde são contadas as viagens do alemão Rosenkreuz pela Arábia, Egito e Marrocos, locais onde teria adquirido sua sabedoria secreta, que só seria revelada aos iniciados.
    Existe ligação entre a Maçonaria e os rosacruzes e essa ligação começou já na Idade Média. No fim do período medieval e começo da Idade Moderna, com inicio da decadência das corporações operativas (englobadas sob rótulo de maçonaria de Ofício ou operativa), estas começaram, paulatinamente, a aceitar elementos estranhos à arte de construir, admitindo, inicialmente, filósofos, hermetistas e alquimistas, cuja linguagem simbólica assemelhava-se à dos francos-maçons. Como a Ordem Rosa-cruz estava impregnada pelos alquimistas, como já vimos, Dara daí a ligação do rosacrucianismo e da alquimia com a Maçonaria. Leve-se em consideração, também, que durante o governo de José II, imperador da Alemanha de 1765 a 1790, e co-regente dos domínios hereditários da Casa d’Áustria, houve um grande incremento da Ordem Rosa-cruz e sua comunidade, atingindo até a Corte e fazendo com que o imperador proibisse todas as sociedades secretas, abrindo, apenas, exceção aos maçons o que fez com que muitos rosacruzes procurassem as lojas.
   Ambas as Ordens são medievais, se for considerado o maior incremento da Maçonaria de Ofício durante a Idade Média e o início de sua transformação em Maçonaria dos Aceitos (também chamada, indevidamente, de “Especulativa”).Se, todavia, considerarmos o início das corporações operativas, em Roma, no século VI antes de Cristo, a maçonaria é mais antiga. Isso, é claro, levando em consideração apenas, as evidências históricas autênticos e não as “lendas”, que fazem remontar a origem de ambas as instituições ao antigo Egito.
    A maçonaria é uma ordem totalmente templária, ou seja, os ensinamentos só ocorrem dentro das lojas. Já a Antiga e Mística Ordem Rosa-Cruz - AMORC dá ao estudante o livre arbítrio de estudar em casa ou em um templo Rosa-cruz. O estudo em casa é acompanhado à distância, e assim como a maçonaria, é composto de vários graus, que vão do neófito (iniciante) ao 12º grau, conhecido como grau do ARTESÃO.
    O estudo no templo, mesmo não sendo obrigatório, proporciona ao estudante além do contato social como os demais integrantes, a possibilidade de participar de experimentos místicos em grupo, e poder discutir com os presentes os resultados, e por último, a reunião templária fortalece a egrégora da organização, o que também ocorre na maçonaria.
Da Regeneração e Imortalidade a Reformador Social.
    A partir da metade do século XVIII e, principalmente, depois de José II, com a maciça entrada dos rosacruzes nas lojas maçônicas, tornava-se difícil, de uma maneira geral, separar Maçonaria e rosacrucianismo, tendo, a instituição maçônica, incorporado, aos seus vários ritos, o símbolo máximo dos rosacruzes: ao 18º grau do Rito Escocês Antigo e Aceito, ao 7º grau do Rito Moderno, ao 12º grau do Rito Adoniramita etc.

    O Cavaleiro Rosa Cruz, é, como o próprio nome diz, um grau cavalheiresco e se constitui no 18º Grau do Rito Escocês Antigo e Aceito. A sua origem hermetista e a sua integração na Maçonaria, durante a Segunda metade do século XVIII, leva a marca dos ritualistas alquímicos, que redigiram naquela época os rituais dos Altos Graus. O hermetismo atribuído ao Grau 18 é perceptível no símbolo do grau, que tem uma Rosa sobreposta à Cruz, representando esta, o sacrifício e a Rosa o segredo da imortalidade, que nada mais é do que o esoterismo cristão, com a ressurreição de Jesus Cristo, ou seja, a tipificação da transcendência da Grande Obra.
    A Maçonaria também incorporou, em larga escala, o simbolismo dos rosacruzes, herdeiros dos alquimistas, modificando, um pouco, o seu significado e reduzindo-o a termos mais reais. Assim, o segredo da imortalidade da alma e do espírito humano, enquanto é aceito o princípio da regeneração só pode ocorrer através do aperfeiçoamento contínuo do homem e através da constante investigação da Verdade. O misticismo dos símbolos rosacruzes, todavia, foi mantido, pois embora a Maçonaria não seja uma ordem mística, ela, para divulgar, a sua mensagem de reformadora social, utiliza-se do misticismo de diversas civilizações e de várias correntes filosóficas, ocultistas e metafísicas.
As Iniciações.
    Uma singularidade entre a AMORC e a Maçonaria, são as iniciações nos seus respectivos graus, sendo que para ambas, a primeira é a mais marcante. No caso da Maçonaria a iniciação é ao grau de Aprendiz, e da AMORC, a admissão ao 1º grau de templo. As iniciações têm o mesmo objetivo, impressionar o iniciante, levá-lo à reflexão, para que ele decida naquele momento se deve ou não seguir adiante, e se o fizer, assumir o compromisso de manter velado todos os símbolos, usos e costumes da instituição de que fará parte.
O Simbolismo.
    Vários são os símbolos comuns às duas instituições, a começar pela disposição dos mestres com cargos, lembrando os pontos cardeais, e a passagem do Sol pela Terra, do Oriente ao Ocidente.
    Cada ponto cardeal é ocupado por um membro. A figura do venerável mestre na maçonaria, ocupando sua posição no Oriente, encontra similar na Ordem Rosa-cruz, na figura de um mestre instalado, que ocupa seu lugar no leste. A linha imaginária que vai do altar dos juramentos ao Painel do Grau, e a caminhada somente no sentido horário, também é similar. Em ambos os casos o templo é pintado na cor azul celeste, e a entrada dos membros ocorre pelo Ocidente.
    O altar dos juramentos encontra semelhança no Shekinah na ordem Rosa Cruz, sendo que neste último não se usa a bíblia ou outro livro, mas sim 3 velas dispostas de forma triangular, que são acesas no início do ritual e apagadas ao final deste, simbolizando a luz, a Vida e o Amor.
    Outra semelhança é o uso de avental por todos os membros iniciados ao adentrarem o templo, enquanto que os oficiais, (equivalente aos mestres com cargo), usam paramentos especiais, cada qual simbolizando o cargo que ocupa no ritual.
    O avental usado pelos membros não diferencia o grau de estudo.
    Algumas das diferenças ficam por conta da condução do ritual, onde na rosa cruz tem caráter místico-filosófico.
    Os iniciantes na Ordem Rosa Cruz recebem seus estudos em um templo separado, anexo ao templo principal, enquanto os aprendizes maçons recebem suas instruções juntamente com os demais irmãos e, finalmente, o formato físico da loja maçônica lembra as construções greco-romanas, enquanto que a Ordem Rosa Cruz (AMORC) lembra as construções egípcias.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

IMPERDÍVEL – LANÇAMENTO DE LIVRO DO IRMÃO BENEDITO MARQUES.

A ideologia maçônica tem por fundamento a crença da existência de um criador do Universo, DEUS, o Grande Arquiteto do Universo. Tem ainda como regra a lei natural; como causa, a busca da VERDADE, da LIBERDADE, baseadas na LEI MORAL; como principio, a LIBERDADE, a IGUALDADE e a FRATERNIDADE, a CARIDADE; como frutos, a VIRTUDE, a SOCIABILIDADE e o PROGRESSO; por fim, a FELICIDADE, a PAZ e a CONCÓRDIA para a humanidade.

A história da Arte Real certamente nos proporciona grandes e peculiares episódios, protagonizados por personagens dos mais variados universos, que, por conta disso, ganha o status de uma história única, diferente de todas as outras. São histórias de vida que, uma vez unidas, formam uma rede de acontecimentos e visões de mundo que regem a tônica dos eventos ocorridos em uma conjuntura estabelecida.
Dessa forma, busquei os contornos para transmitir o convite feito pelo valoroso Irmão Raimundo Ferreira Marques, Grão Mestre Ad Vitam, do Grande Oriente Autônomo do Maranhão – GOAM, ex-Procurador Geral do Estado do Maranhão e atualmente Conselheiro Federal da OAB-MA, que transcrevo Ipsis litteris:

“...Aproveito para lhe convidar ou lhe "convocar" para o lançamento do Livro MARCAS DO PASSADO - PARTICIOAÇÕES CIRCUNSTANCIAIS DE MAÇONS EM EPISÓDIOS DO BRASIL-HISTÓRIA, do meu e nosso irmão Benedito Marques. Fiz o prefácio. Asseguro-lhe que é uma obra de fôlego. Revolucionária, instigante e alentadora. O acontecimento, se dará na Loja Guardiã da Independencia, do GOAM, na terça feira dia 27 deste, a partir das 21 horas. fraternalmente Raimundo Marques.”


Benedito Ferreira Marques, nascido no interior do Maranhão em Barro Branco, começou seus estudos em escola pública e, com a dedicação que lhe é peculiar, foi galgando os degraus que o levariam à universidade, sonho de qualquer jovem, de fato difícil de conquistar, mas não impossível para quem tivesse perseverança, como tem nosso homenageado.
Por esse motivo, com o objetivo de buscar novas oportunidades para seu crescimento pessoal, profissional e cultural, se mudou para São Luis, ingressando na Universidade Federal do Maranhão, no curso de Direito, lugar onde conheceu sua esposa, a jovem Nelice, que cursava Serviço Social, onde desse matrimônio, nasceram as filhas Marlice e Carla Regina.
O nosso Irmão escritor formou-se com louvor e se mudou para as terras goianas na década de 70, devido à aprovação no concurso do Banco do Brasil para a carreira de advogado daquela importante instituição financeira.
Mas sua estada ali realmente seria breve, pois estava disposto a alçar vôos maiores e desafiadores, notadamente em sua profissão, por isso, começou a se aprofundar cada vez mais em seus estudos, tornando-se um dos mais respeitados conhecedores do Direito Agrário.
Com especialização em Direito Civil pela Universidade Federal de Goiás; especialização também em Direito Agrário e Comercial na mesma universidade, onde conquistou o título de Mestre em Direito Agrário no ano de 1988. Em 2004, alcançou o título de Doutor pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE.
Possuidor de um currículo invejável, tendo destaque nas atividades profissionais: na Universidade Federal de Goiás, Subchefe do Departamento de Direito Privado; Coordenador do Curso de Mestrado em Direito Agrário; Diretor de unidade e de Vice-Reitor, o qual acumula com o de professor adjunto, ministrando aulas em nível de graduação e pós-graduação.
Foi também professor convidado da importante instituição de ensino do Estado de Goiás, a Universidade Católica de Goiás. Acompanhou projetos de pesquisa, participou de inúmeras bancas examinadoras de mestrado e ainda encontrou tempo para produzir artigos, textos em jornais, trabalhos publicados em anais de congressos e seus livros, demonstrando toda sua cultura acadêmica.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

MORAL MAÇÔNICA.


 Ir.´. Ethiel Omar Cartez Gonzalez.
O que caracteriza o homem à imagem do Grande Arquiteto do Universo, não é a sua inteligência finita, mas a sua vontade que depende do seu livre-arbítrio. O homem pode querer tudo, ainda que não possa realizar tudo, ao passo que a inteligência, mesmo querendo, não poderá compreender tudo. O pensamento é, portanto, uma conquista, seja contra as idéias confusas que provêm dos sentidos e seja contra as paixões da alma.
A vontade é, certamente, o elemento ativo do espírito, rejeitando todas as noções falsas que a inteligência recebe dos sentidos e da imaginação. As realizações da inteligência e o desenvolvimento ordenado das idéias claras são uma conquista da vontade.
A liberdade é um ato de vontade, de exercício do livre-arbítrio, uma afirmação de soberania como única forma de raciocínio construtivo. A liberdade sugere uma subordinação em relação à vontade toda vez que a inteligência descobrir as chamadas idéias claras e distintas.
A ação do pensamento e da inteligência é essencialmente um ato da vontade e da liberdade. A indiferença foi definida como uma preguiça da vontade, que tem sua origem na ignorância e o arrependimento como uma espécie de tristeza que vem da certeza de termos praticado uma má ação.
O erro tem sua origem no uso abusivo da vontade, sendo que só a vontade poderá evitá-lo. Sábio é aquele que sabe duvidar e a dúvida, acionada pelo juízo, é antes de tudo um ato de liberdade destinado a suprimir o erro.
Para sairmos da dúvida é preciso fazer dela o próprio instrumento de trabalho, partindo em busca da pesquisa. A dúvida metódica é a salvação da inteligência e o começo da sabedoria. O conhecimento, portanto, é uma "inspeção do espírito", que pode ser imperfeita quando feita pelos sentidos e pela imaginação, mas distinta quando provém do intelecto.
Para os filósofos da época do iluminismo a tolerância tinha como sinônimo a generosidade, que é para eles não só a chave de todas as paixões, mas também é definida como a própria virtude no terreno das paixões da alma. Na união do corpo e da alma, a tolerância será o elemento moral capaz de estabelecer o equilíbrio da natureza humana, porque representa uma consciência da liberdade e o propósito de bem usá-la.
Ao dominar os desejos, a tolerância governa as molas propulsoras de quase toda a nossa vida moral. Conhecer e saber que o livre-arbítrio é o nosso maior bem e estar firme no propósito de bem usá-lo é estabelecer o equilíbrio das paixões da alma. É isso que se constitui no ideal da moral maçônica nos ensina nossos deveres e a razão do uso dos nossos direitos
SOBRE MORAL
A Moral é o conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada.
Que entendemos por moral?
“Que procede conforme a honestidade e à justiça, que tem bom costumes, e dos de dos deveres do homem em sociedade e perante os da sua classe. Conjunto de preceitos ou regras para dirigir os atos humanos segundo a justiça e a equidade natural. Modo de proceder”. (Fonte: Dicionário Brasileiro da Enciclopédia Mirador).
A Moral está na base da Maçonaria, em sua história, em suas leis, em todo o seu desenvolvimento. É a razão de ser e o principal objetivo da Instituição que, sem ela, não se poderia manter. Esse objetivo é mesmo assinalado na primeira linha do primeiro artigo dos “Deveres de um Maçom”, nas “Constituições” Maçônicas, desde 1723: “Um Maçom é obrigado pela sua dependência (à Ordem) a obedecer à Lei moral...”. Assim, a Moral maçônica é a moral solidária (que tem responsabilidade recíproca).
Analisando historicamente a Moral, esta aparece junto com a sociedade humana. A moral da sociedade primitiva não censurava o canibalismo, o incesto a matança de anciãos, etc devido ao seu nível extremamente baixo de desenvolvimento cultural. A tribo era coletivista e para sobreviver cultuava nos seus membros o heroísmo, a honra, a audácia, a defesa, a ajuda mútua, a força física, etc. “Virtus”, expressão latina que designava a força física e o valor e começou a ser utilizado no sentido de virtude.
Na sociedade escravista as relações humanas incluem somente os homens livres ficando os escravos, valor nas guerras, etc. A crueldade e, inclusive, matar um escravo não acarretava nenhum sentimento de piedade ou remorso; era normal. Mas quando a sociedade cresceu o estado escravista não respondeu às suas maiores necessidades econômicas.
A questão moral remonta aos povos antigos, antes mesmo de a palavra filosofia ser usada por Pitágoras, entre os gregos, viveram homens de grande sabedoria. O primeiro a ser conhecido como sábio foi Tales de Mileto: ele viveu por volta de 640 a.C. e, ao lhe perguntarem: "qual é a coisa mais difícil?", ele respondeu: "a coisa mais difícil é conhecer-se a si mesmo"; e ao lhe perguntaram ainda: "como podemos viver a vida melhor e mais justa?", ele respondeu: "abstendo-nos de fazer o que censuramos nos outros". Entre os sábios gregos, o mais notável foi Sócrates; ele nada escreveu, mas ensinou vivendo a filosofia. Para ele, o fundamental era "conhecer-se a si mesmo" pela reflexão. Ele estava convencido de que a virtude identifica-se com a sabedoria e o vício decorre da ignorância, do desconhecimento da verdade.
Platão, que foi o principal discípulo de Sócrates, identificava na alma humana três virtudes: o instinto, a coragem e a razão. No instinto manifestam-se os desejos ligados a sobrevivência e à reprodução. Pela coragem o homem expressa desejos superiores, dando testemunho da existência de uma vontade livre e autônoma. E pela razão governa sua vontade e seus instintos. Isso nos faz lembrar as lições dos aprendizes, onde o maço da vontade é governado pelo cinzel da razão no desbaste da P.'.B.'..
Aristóteles dividiu a ética em duas categorias de virtudes: as morais calcadas na vontade e as intelectuais calcadas na razão. As virtudes morais são a coragem, a generosidade, a magnificência, a doçura, a amizade e a justiça; as virtudes intelectuais são a sabedoria, a temperança e a inteligência. Aí está o principal fundamento do método maçônico.
O regime feudal considerava o membro da gleba, um homem, mas um homem inferior que estava incluído dentro da transação de compra e venda de uma propriedade, mas o senhor já não tinha mais o direito de vida ou morte sobre ele. A igreja católica apóia tanto o sistema escravista com o sistema feudal. Ela pertence, social e economicamente, à classe dominante. A moral do senhor feudal proibia-lhe dedicar-se ao comércio e aos ofícios, mas era lícito o direito de pernada, ou jogar ao baralho a sorte dos servos de sua propriedade. A virtude dos servos era o trabalho e a obediência.
A revolução francesa libera o homem da opressão do feudalismo. Cria liberdade de ação e pensamento, nascem os ideais humanistas, mas são afetados pelas péssimas condições econômicas. É gerada uma moral individualista. Robespierre chama o patriotismo como uma “virtude suprema”, mas acaba-se convertendo em ódio social e estandarte de guerra de dominação.
No século XVII foram criadas as condições para o surgimento do movimento iluminista no século seguinte. No campo da filosofia, Descartes e Espinosa destacaram-se na preparação do terreno para estes novos tempos.
Baruch de Espinosa, nascido em 1632 na Holanda, ao afirmar que no Antigo Testamento não contém verdades, mas preceitos morais e políticos que visam a preservar a unidade e a dirigir o povo judaico através dos tempos, ele sofreu os efeitos da intolerância religiosa, acusado de ateu e excomungado pela sinagoga de Amsterdam.
Segundo Espinosa, todo estado autoritário tem origem na superstição, onde os chefes alimentam o terror das massas, o que coincide com o pensamento maçônico, onde o fanatismo político e religioso é tido como responsável pelas maiores desgraças vivenciadas pela humanidade.
René Descartes, nascido em 1596, este filósofo e matemático francês dedicou grande parte da sua obra às questões relacionadas com a moralidade. Em sua obra "O Tratado das Paixões" deduz que é no livre-arbítrio que o homem poderá buscar a educação do intelecto, capaz de livra-lo do vício. Afirma que o erro moral é precedido pela falta de sabedoria. Para ele a utilidade da moral consiste em governar o desejo sobre o nosso modo de agir.
A ruptura desse filósofo francês com o pensamento eclesiástico reside no fato de que o pensamento cristão tratava da virtude como uma preparação para a vida futura, ao passo que para ele o homem racional poderia alcançar a virtude pelo seu esforço de bem agir.
Considerando que as obras dos principais filósofos do Iluminismo, entre os quais Voltaire, Rousseau, Montesquieu e Diderot, ainda não eram conhecidos naquela época, onde então aqueles freqüentadores da taberna buscavam inspiração filosófica e motivação para fundarem uma instituição maçônica da forma como é conhecida nos dias atuais?
Embora a aprovação da Constituição do reverendo James Anderson, em 24 de junho de 1717, tenha acontecido 67 anos depois de Descartes, suas idéias no campo da moralidade influenciaram certamente os fundadores da instituição maçônica, o que ficará demonstrado mais adiante, pelos seus conceitos sobre a questão moral do ponto de vista racional e científico.
E, para discernir entre os Vícios e Paixões, derivados da união da alma com o corpo, Descartes sugere a busca da Verdade, através do Autoconhecimento impulsionado pela Vontade.
Pelo anterior, pode-se ver que não existe uma moral eterna e imutável. A moral é histórica, conjuntural e determinada pela classe dominante.
O que entende a Maçonaria por moral ?
Moral é para a Maçonaria uma ciência com base no entendimento humano. É a lei natural e universal que rege todos os seres racionais e livres. É a demonstração científica da consciência. E essa maravilhosa ciência nos ensina nossos deveres e a razão do uso dos nossos direitos. Ao penetrar a moral no mais profundo da nossa alma sentimos o triunfo da verdade e da justiça.
A Moral está na base da Maçonaria, em sua história, em suas leis, em todo o seu desenvolvimento. É a razão de ser e o principal objetivo da Instituição que, sem ela, não se poderia manter. Esse objetivo é mesmo assinalado na primeira linha do primeiro artigo dos “Deveres de um Maçom”, nas “Constituições” Maçônicas, desde 1723: “Um Maçom é obrigado pela sua dependência (à Ordem) a obedecer à Lei moral...”. Assim, a Moral maçônica é a moral solidária (que tem responsabilidade recíproca).
A Maçonaria procura fazer penetrar na consciência dos Maçons a seguinte fórmula: faz tudo o que pode contribuir para a felicidade da Humanidade; abstenha-se de fazer tudo o que pode causar prejuízo ou pena à Humanidade. A Maçonaria ensina aos seus adeptos: fazes parte da Humanidade, a sua (dela) prosperidade é a tua prosperidade: o seu sofrimento é o teu sofrimento; o que é bom ou mau para ela o é igualmente para ti; a Humanidade florescente é o teu Paraíso; a Humanidade perecendo é o teu inferno. O Bem é o que, sendo generalizado, criaria à espécie humana condições de existência mais favoráveis à sua felicidade. O Mal é o contrário.
A Maçonaria exige de seus membros, entre outras condições, boa reputação moral. Exige tolerância para com toda forma de manifestação de consciência, de religião ou de filosofia, cujos objetivos sejam os de conquistar a verdade, a moral a paz e o bem estar social.
Os ensinamentos maçônicos orientam seus membros a se dedicarem a felicidade de seus semelhantes, não somente porque a razão e a moral lhes impõem tal obrigação, mas também porque esses sentimentos de solidariedade os fazem irmãos.
A moral maçônica constitui objeto da sua filosofia racionalista. Esta moral está contida nos símbolos e rituais que, como todos nós sabemos, tem-se mantido sem variação no decorrer dos séculos. A moral maçônica, ao invés da profana, é imutável. Numerosos irmãos nossos através dos séculos tem rendido a vida lutando contra as falsas definições de moral imposta em benefício de dogmas, privilégios e sistemas exclusivistas.
Sendo a Maçonaria uma instituição universal, essencialmente ética, filosófica e iniciática, educa seus membros para serem homens de bem, com sólidos princípios morais e que lutem para seu aperfeiçoamento em benefício individual e social. O maçom deve ser útil ao progresso da moral.
Manter uma moral maçônica requer o domínio das paixões, reconhecer e corrigir nossos defeitos, cultuar a inteligência e praticar os ensinamentos maçônicos.
A virtude é um impulso natural interior que induz à prática do bem. O bem não é um ideal distante a ser buscado, ele se compõe de pequenos eventos que se materializam em cada ação construtiva e em cada passo da nossa vida. A primeira expressão de virtude é o reconhecimento instintivo que responde a tradicional pergunta "de onde viemos e para onde iremos?".
O nosso “Dharma” ou Dever, na realidade, é uma questão que nos envolve de confiança interior, para acreditar em verdades que a nossa razão não tem a capacidade lógica de entendimento. Mas o mais importante é que, através do conhecimento e da incansável busca da verdade, possamos nos manter na senda da luz, na trilha de retorno a nossa origem divina, de volta ao G.'.A.'.D.'.U.'..


BIBLIOGRAFIA
DICIONARIO BRASILEIRO, ENCICLOPÉDIA MIRADOR,
Ritual do Grau 1

sábado, 3 de julho de 2010

OS MISTÉRIOS DA INICIAÇÃO - VIDA, MORTE E RENASCIMENTO.



Toda cerimônia de iniciação dramatiza transformações profundas na vida do ser humano, assinalando sua morte simbólica para a antiga vida e fazendo-o renascer para um novo estágio da alma.


Paulo Urban
(Psicoterapeuta junguiano e médico psiquiatra)


Mistério é palavra grega mystérion e significa “o que é secreto”. Provém do verbo myéin, usado quando devemos “calar a boca”. Daí que mystes se refere a tudo aquilo que se fecha; é o iniciado que, calado, conhece e guarda.
Mesma raiz têm os termos mystikós “a designar o místico, aquele que penetra nos segredos” e myesis “referente aos ritos mediante aos quais a sabedoria é preservada”.
A tradução latina: myéin = initiare; myesis = initiato; em português: “iniciar” e “iniciação”. Como diz o nome, iniciação é a senda de todo aquele que deseja retirar-se da vida profana para iniciar-se no saber sagrado.
Os mistérios, antes de tudo, constituem um caminho de renascimento, regrados pelo secreto sentido da vida. Acha-se implícito aqui o tema da morte simbólica, principal etapa a ser vencida por todo candidato que se proponha a renascer na luz espiritual.
Observe-se o caminho de Cristo até o Calvário, onde sofre sua transformação final, que é a de experimentar a morte na cruz como passagem para a ressurreição. Não é à toa que a Igreja intitula esse processo de mistério doloroso, compondo, ao lado dos mistérios gozoso e glorioso, a trilogia crística, como se fossem três graus necessários a cumprir a grande iniciação comandada por Deus-Pai, que sacrifica seu próprio Filho em favor da iluminação da humanidade. Jesus conhece, assim, o último segredo, e passa a deter consigo parte do grande mistério, transcendendo o conceito morte/vida.
Iniciações são processos paradoxais: se, por um lado, visam à ampliação da consciência através de vivências únicas que trazem o aprimoramento pessoal, por outro, nos incitam a romper os limites dessa mesma consciência, fazendo nascer em cada neófito a vontade inata de saltar no desconhecido universo de si mesmo.
A iniciação, em seu sentido pleno, faz morrer; o aprendiz deve entregar-se à morte, para que saia renascido pela saída/entrada que o leva a outra dimensão. A morte iniciática nos promove à rara condição de espectadores do mistério. Intuitivamente, todo iniciando sabe que para renascer deverá primeiro regressar ao seio da terra, e encontrar em suas entranhas o útero de onde poderá ser novamente parido. Simbolicamente deve, portanto, voltar ao estado predecessor da vida, à sua imensa escuridão particular. Só por meio do contato com a noite que trazemos em nossas próprias cavernas é que compreenderemos, por contraste, o paradoxo de estarmos morrendo e renascendo a cada instante. Sem essa visão profunda, nenhum ser se completa e passa pela vida em brancas nuvens, somente sob a luz do dia. É necessário, pois, que busquemos o mundo subterrâneo que nos suporta.
A mitologia universal, sedimento milenar das experiências vitais sofridas pela espécie humana, traz entre seus mistérios radicais o binômio morte/vida e elege a Mãe-Terra, uma de suas principais deusas, para guardá-lo. Em nossos dias, a Deusa-Mãe da Ásia Menor, num latim correto, é chamada de Mater Magna; o nome provém do grego arcaico guê méter =Mãe-Terra.
Com as invasões dóricas ocorridas por volta de 1200a.C., tornou-se comum por toda a Grécia, incluindo sua extensão asiática, o uso do termo dórico equivalente a designá-la: dé méter. Na maior cidade-templo grega, Éfeso, na Ásia Menor, a Grande-Mãe era a deusa silvestre Ártemis, com inúmeros seios, assimilada como Diana pelos romanos. Na Frígia, Deméter era Matar Kybeléia, ou Cibele, conforme ficou conhecida entre os romanos, e habitava as montanhas.
Historicamente, o culto da Mãe-Terra remonta-se à época anterior à escrita, seguramente até o neolítico, cerca de 4500a.C.; e podemos observar sua ocorrência como deusa principal da fertilidade em todas as civilizações mais antigas. Ela é Gaia, Réia ou Deméter entre os gregos; Ísis entre os egípcios; Ishtar entre assírios-babilônios; Astarte entre os fenícios; e Pachamama para os incas. Entre os hindus, assume o arquétipo terrível da deusa Kali, ou a mãe canibal, deusa negra de aspecto hediondo, que nos mostra sua língua ensangüentada enquanto dança sobre cadáveres, assumindo a personificação do tempo que tudo devora. A propósito, não nos esqueçamos, durante 600 mil anos de experiência humana, as mães-ogras canibais já foram realidade presente em inúmeras culturas espalhadas pelo mundo. O fato concreto gerou diversas referências míticas. Todos conhecemos, por exemplo, o conto da gentil velhinha, na verdade uma bruxa malvada, que convida crianças a entrar em sua casinha de chocolate com o intuito de prendê-las e fazê-las engordar até que lhe sirvam como boa refeição.
Como é possível, porém, que a Mãe Divina seja assim, em alguns casos, hedionda e mortal? Ora, encontramos no simbolismo da mãe a mesma ambivalência da terra, que nos oferece todas as chances de vida, da mesma forma que recolhe todos os cadáveres. Se nascer é sair do ventre materno, morrer é retornar à terra. Para melhor assimilarmos o conceito, façamos uma síntese do mito de Deméter e Perséfone, sua filha, deusas às quais foram consagrados os mistérios de Elêusis, profundo drama iniciático que celebra o ciclo da vida, da morte e do renascimento, nos ensina a brevidade da existência e indica um caminho secreto de espiritualidade.
Elêusis em grego significa “advento”, “vinda”, ou “encontro”. Trata-se de uma região situada a 22km de Atenas. Seu culto, repetido a cada cinco anos, data desde as origens da cidade (séc. 16a.C.), conforme revelaram recentes escavações. Com o pacto de união política entre Elêusis e Atenas, ocorrido no séc. 7a.C., os mistérios encontraram seu apogeu, até serem proibidos, após dois mil anos de prática, por decreto de Teodósio I, o Grande (séc. 4d.C.), que, convertido ao cristianismo, mandou destruir a picareta todos os templos pagãos do império romano.
A repetição desse rito atualizava e perpetuava o mito da Mãe-Terra. Perséfone, filha única de Deméter, saíra pelos campos num dia ensolarado a colher flores. Encantada com um narciso plantado maliciosamente por Zeus à beira de um precipício, ao abaixar-se para apanhar a flor, deu-se conta, apavorada, de que o chão abria sob seus pés. Lançada no abismo, gritando enquanto caía, viu-se violentamente apanhada pelos braços de Hades, soberano dos mortos, habitante das entranhas da Terra, que levou consigo a jovem para servir-lhe de esposa em seu mundo.
Deméter, em cuja alma ressoara magicamente o grito dado pela filha, saiu a seu encalço. Por nove dias, com a cabeça enlutada por um véu negro, vagou por toda a Grécia à sua procura ou de quem tivesse notícias. Nem Hécate, a Lua, que tudo vigiava, sabia dizer onde estava Perséfone, embora confirmasse ter ouvido seu grito. Hélio, o Sol, única testemunha do fato, notando o desespero de Deméter, resolveu contar-lhe o que sabia, apontando-lhe o raptor e seu cúmplice.
Deméter se desesperou mais ainda: impossível resgatá-la naquele mundo interdito. Irritada com Zeus e Hades, recolheu-se entristecida em Elêusis, renunciou ao Olimpo e resolveu deixar de gerar sementes até que lhe devolvessem a filha. Zeus, então, é que passou a se preocupar. O fim das sementes é o fim da Terra e de toda a humanidade; por conseguinte, o fim dos deuses, que dependem exclusivamente de nossos tributos para que continuem reinando. Antes que todos morressem e tudo acabasse, Zeus resolveu enviar Hermes, seu mensageiro, único autorizado a penetrar incólume no reino de seu irmão, Hades, para convencê-lo a devolver Perséfone. Mas já era meio tarde: a mocinha estava apaixonada! Havia tomado com gosto uma poção mágica de romã, preparada por Hades conforme receita de Zeus, e por nada desse mundo desejava voltar para os braços da mãe. Por questão de sobrevivência, a tétrade divina chegou finalmente a um acordo: por sugestão de Hades, orientado que fora por Zeus, Perséfone resolveu dizer à mãe que só regressaria se ela lhe permitisse viver ao lado de seu amado raptor pelo menos um quarto de cada ano, o que de pronto foi aceito por Deméter. Para nossa sorte, o pacto e o casamento estão firmados até hoje, mas Deméter, de certa forma conformada, ainda se ressente a cada período que passa longe da sua filha, quando notamos sua tristeza e sentimos seu inverno.
Perséfone revê sua mãe a cada ano no Elêusis, daí ser esse o local do “encontro”, “do advento”, quando renasce a primavera e Deméter se rejubila.
Os mistérios diziam respeito a isso, ao milagre da vida. Deles poderia tomar parte qualquer cidadão sem crimes e que soubesse falar o grego fluentemente. Isso porque certas passagens exigiam a repetição de ladainhas e nomes secretos que deviam ser pronunciados corretamente. Era uma festa democrática, permitindo que homens ou mulheres, livres ou escravos, fossem iniciados sem ter de abandonar seus compromissos com a família ou a cidade. Dividiam-se em pequenos e grandes mistérios, sendo estes últimos alcançados somente por rara parcela dos iniciados.
Os pequenos mistérios eram ministrados aos postulantes, em Atenas, pelos mistagogos (do grego, mysta + gogós = “condutores dos iniciados”). Estes ensinavam-lhes certas posturas e frases, cobravam-lhes o jejum em certas datas e davam-lhe missões como a de banhar-se no mar com um porco, que se diz koyrós em grego, mesmo nome da genitália feminina. Dali a seis meses ocorriam os grandes mistérios, quando os iniciados partiam em procissão barulhenta até Elêusis, onde passariam vários dias em provação. Chegavam sempre à noite, quando então dançavam e cantavam em honra às duas deusas. No dia seguinte ocorria o prelúdio, quando todos jejuavam, purificando-se para o grande encontro. No terceiro dia era conferido o 1o grau, subdividido em três etapas, chamado teleté, a significar “fecho”; era o sinal de que uma vida deveria dar lugar a outra.
Nessa fase da cerimônia, passava-se de mão em mão uma cesta, que em grego também se diz mystes, dentro da qual objetos sagrados eram velados, entre eles a uva e o trigo; à noite, encenava-se, à luz de tochas e por meio da mímica, o rapto de Perséfone. Os iniciados deveriam seguir o caminho de transformação apontado pela deusa e penetrar em suas trevas pessoais.
Aos aprovados, reservava-se o 2º grau, dito epoptéia ou “visão plena”, quando, levados aos recônditos do templo, os neófitos assistiam ao casamento sagrado (hierosgamós) realizado em carne ou por alegoria entre o sacerdote e a grande sacerdotisa, simbolizando a união de Zeus com Deméter, a garantir a fertilidade da terra para as próximas colheitas. Por meio de um ritual coletivo, cada aprendiz podia mergulhar individualmente em seus próprios abismos, a fim de descobrir verdades e deter intimamente seus segredos. Talvez por isso todos aqueles que, desde a Antigüidade, se referem a Elêusis deixem claro que seus mistérios nunca podem ser escritos, mas somente revelados por meio de sua iniciação. Pitágoras foi claro: “Nem tudo pode ser a todos revelado.”
No sentido iniciático, as psicoterapias que privilegiam o inconsciente cumprem semelhante função. Jung, por exemplo, chamou de individuação a esse processo psíquico natural voltado para o autoconhecimento, repleto de situações arquetípicas que devem ser vitalmente experimentadas. Estabeleçamos aqui uma analogia entre o mundo inconsciente e o reino de Hades. Sempre que buscamos sinceramente conhecer a sombra que trazemos em nosso psiquismo, apresentamo-nos à grande iniciação. Uma vez descortinado o véu entre o profano e o sagrado, deparamo-nos com o templo de nosso mundo interior, depositário de valores infinitos, agradáveis ou não, que devem ser plenamente assimilados. Nesse exercício, rompemos as amarras que nos prendem à condição mundana, e alçamos vôo a novos planos de consciência, sutis em relação ao antigo, onde vislumbramos um caleidoscópio de possibilidades. A iniciação tem mesmo seu sentido oculto. E ele jaz latente em nossa alma, que, feito lagarta, espera pacientemente pelo milagre natural da metamorfose.



Fonte: Revista Planeta - Edição 353.

TEMPLO DE SALOMÃO E MAÇONARIA?


A origem da Maçonaria está envolta em mistérios, contradições e divergências. Alguns estudiosos a colocam nos Mistérios Egípcios, ou Gregos, etc. Outros a ligam à Ordem dos Cavaleiros Templários. Outros ainda, às guildas (corporações) de pedreiros, na Inglaterra, na Idade Média.

E, há uma lenda que coloca essa origem na construção do Templo de Salomão, narrada no Velho Testamento (I Reis), cujo relato aparece, pela primeira vez, no “Manuscrito Cooke”, de 1410, das Velhas Instruções, desenvolvendo- se nas versões posteriores, segundo Alex Horne, em “O Templo do Rei Salomão na Tradição Maçônica”.
A Maçonaria, em sua fase documentada, Maçonaria Especulativa ou Moderna, teve como primeira obra, a “Constituição de Anderson”, organizada, em 1723, por James Anderson (maçom, teólogo e ministro da Igreja Presbiteriana de Londres, nascido em Edimburgo, na Escócia, em 1675). A Ordem, em sua fase não documentada, Maçonaria Operativa, baseou-se nas “Old Charges”, as Antigas (ou Velhas) Instruções (ou Obrigações), entre os séculos XIV e XVII, extraídas de antigos manuscritos usados pelos maçons artesãos, na Idade Média. Os documentos antigos (era cristã), deixados pelos maçons operativos, são importantes fontes para estudo do passado da Maçonaria: Constituição de York, ano 926;Carta de Bolonha, ano 1248; Manuscrito Regius ou Manuscrito Halliwell, ano 1390; Manuscrito Cooke, ano 1410; Estatutos de Ratisbona, ano 1459; Manuscrito Grand Lodge nº 1, ano 1583; Estatutos Schaw, ano 1598; Manuscrito Inigo Jones, ano 1607; Manuscrito de Edimburgo, ano 1696; Manuscrito Dumfires nº 4, ano 1710; Manuscrito Kewan, ano 1714-1720.

O rei Davi, da tribo de Judá, desejava construir um Templo para “Javé”, onde a Arca da Aliança pudesse ficar a salvo, ao invés de permanecer no Tabernáculo (tenda provisória), que existia desde o tempo de Moisés. A Arca da Aliança continha as “Tábuas dos Dez Mandamentos” – media dois côvados e meio por um côvado e meio (o côvado era a medida entre o cotovelo e as pontas dos dedos, e correspondia a quarenta e cinco centímetros). A Arca foi venerada pelos hebreus, até seu desaparecimento dos relatos bíblicos, o que corresponde à conquista de Jerusalém e destruição do Templo, por Nabucodonosor II.

Davi não viu a obra terminada, e Salomão recebe a missão de concluí-la. Decide construir no Monte Moriá, e a obra foi do quarto ao décimo primeiro ano de seu reinado. Para isso solicitou a Hiram, rei de Tiro (na Fenícia) os operários necessários, pois não havia mão de obra especializada em Israel. Hiram atendeu Salomão, fornecendo artífices especializados em pedra e em madeira, e madeira do Líbano (cedro), recebendo em troca, cevada, azeite e vinho. Durante sete anos, mais de oitenta mil artífices e três mil Mestres teriam trabalhado na obra.

Hiram, de Tiro, incumbiu o mestre de obras Hiram Abiff, para a empreitada. Segundo alguns historiadores maçons, Hiram de Tiro era o Grão-Mestre dos maçons na Fenícia, e Salomão o Grão-Mestre dos hebreus, em Israel Hiram Abiff, Mestre no trabalho em bronze, ferro, ouro, prata, madeira, púrpura e linho (1º Rs., 5 e 2ª Cron., 2), era filho de uma viúva, da tribo de Nephtali. Reza a lenda que, Hiram conduzia a obra sem uso de martelos – todos os blocos se encaixavam perfeitamente. Ele dividiu os trabalhadores em três categorias, segundo suas aptidões: Aprendizes, Companheiros e Mestres.

Durante a obra, Abiff foi assassinado por três dos seus Companheiros: Jubela, Jubelo e Jubelum, que queriam possuir os segredos de Mestre. Hiram morreu, porém, não revelou o que sabia.

Salomão, não vendo regressar seu arquiteto, enviou nove Mestres para procurá-lo, os quais saíram divididos em grupos sucessivos de três. Os três assassinos esconderam o cadáver sob um monte de escombros e, plantaram sobre este túmulo improvisado um ramo de acácia, fugindo depois. O ramo de acácia revelou aos nove Mestres o local da sepultura do corpo de Hiram – abriram a tumba e retiraram seus restos, exclamando: “Mach Benach” (“a carne se solta dos ossos”). Salomão proporcionou a Hiram um enterro digno. Os três assassinos foram capturados. E Hiram “ressuscitou”.

Segundo Albert Pike (1809-1891), Grão-Mestre da Maçonaria americana (Rito Escocês) de 1859 a 1891, os assassinos desfecharam três golpes em Hiram Abiff, os quais, simbolicamente, representavam uma maneira de matar “espiritualmente” a humanidade: o primeiro assassino deu um golpe na garganta, desfechado com uma régua, que sufocaria a liberdade de expressão; o segundo golpe foi no coração, com um esquadro, que mataria a fraternidade entre os homens; e o terceiro foi na cabeça, com um maço (martelo grande, de madeira) para destruir o livre pensamento.

Os nomes dos três Companheiros que assassinaram Hiram Abiff, Jubela, Jubelo e Jubelum, simbolizam a ignorância, fanatismo e a tirania.

O Templo de Salomão foi destruído pelo exército de Nabucodonosor II, rei da Babilônia, em 586 a.C. – Nabucodonosor II mandou milhares de judeus para o exílio, na Babilônia. Em 538 a.C., o rei persa Ciro, derrotou os babilônios e uniu a maior parte do Oriente Médio num só estado, que ia da Índia ao Mediterrâneo, e permitiu que os judeus voltassem a Jerusalém. Foi iniciada a reconstrução do Templo, por Zorobabel, sob autorização de Ciro, e os judeus retomaram seus cultos.

Duzentos anos depois, com a derrota dos persas pelo macedônio Alexandre, O Grande, Jerusalém entra em contato com a cultura grega.

Em 200 a.C., Antíoco, rei dos selêucidas, mudou o nome da cidade para Antioquia e desfigurou o Templo, dedicando-o ao deus grego Zeus, proibindo a prática do judaísmo. Os macabeus lutaram contra os selêucidas por dezesseis anos. Em 141 a.C., instalaram um reino independente.

Em 63 a.C., o general romano Pompeu, tomou Jerusalém e, profanou o Templo. A Judéia ficou reduzida à condição de província romana, por Pompeu. Jerusalém viveu um caos, e trocava de mãos com freqüência. No ano 37 a.C., Herodes conquistou Jerusalém. Apesar de seu governo sanguinário, Herodes restaurou o Templo de Salomão – essa foi a terceira reconstrução.

Depois de muitas batalhas, revoltas, guerras civis entre facções judaicas, o Templo foi novamente destruído. Da estrutura original, restou somente o atual “Muro das Lamentações” (que, alguns autores afirmam ser do Terceiro Templo, o de Herodes).

  
Bibliografia: “Maçonaria sem Mistério”, de Cláudio Blanc (Editora Nova Leitura, São Paulo, 2006); “O Templo de Salomão na Tradição Maçônica”, de Alex Horne (Editora Pensamento - Cultrix, São Paulo, 2008); “A Vida Oculta na Maçonaria”, de C W Leadbeater (Editora Pensamento – São Paulo, 1969).