sábado, 3 de julho de 2010

TEMPLO DE SALOMÃO E MAÇONARIA?


A origem da Maçonaria está envolta em mistérios, contradições e divergências. Alguns estudiosos a colocam nos Mistérios Egípcios, ou Gregos, etc. Outros a ligam à Ordem dos Cavaleiros Templários. Outros ainda, às guildas (corporações) de pedreiros, na Inglaterra, na Idade Média.

E, há uma lenda que coloca essa origem na construção do Templo de Salomão, narrada no Velho Testamento (I Reis), cujo relato aparece, pela primeira vez, no “Manuscrito Cooke”, de 1410, das Velhas Instruções, desenvolvendo- se nas versões posteriores, segundo Alex Horne, em “O Templo do Rei Salomão na Tradição Maçônica”.
A Maçonaria, em sua fase documentada, Maçonaria Especulativa ou Moderna, teve como primeira obra, a “Constituição de Anderson”, organizada, em 1723, por James Anderson (maçom, teólogo e ministro da Igreja Presbiteriana de Londres, nascido em Edimburgo, na Escócia, em 1675). A Ordem, em sua fase não documentada, Maçonaria Operativa, baseou-se nas “Old Charges”, as Antigas (ou Velhas) Instruções (ou Obrigações), entre os séculos XIV e XVII, extraídas de antigos manuscritos usados pelos maçons artesãos, na Idade Média. Os documentos antigos (era cristã), deixados pelos maçons operativos, são importantes fontes para estudo do passado da Maçonaria: Constituição de York, ano 926;Carta de Bolonha, ano 1248; Manuscrito Regius ou Manuscrito Halliwell, ano 1390; Manuscrito Cooke, ano 1410; Estatutos de Ratisbona, ano 1459; Manuscrito Grand Lodge nº 1, ano 1583; Estatutos Schaw, ano 1598; Manuscrito Inigo Jones, ano 1607; Manuscrito de Edimburgo, ano 1696; Manuscrito Dumfires nº 4, ano 1710; Manuscrito Kewan, ano 1714-1720.

O rei Davi, da tribo de Judá, desejava construir um Templo para “Javé”, onde a Arca da Aliança pudesse ficar a salvo, ao invés de permanecer no Tabernáculo (tenda provisória), que existia desde o tempo de Moisés. A Arca da Aliança continha as “Tábuas dos Dez Mandamentos” – media dois côvados e meio por um côvado e meio (o côvado era a medida entre o cotovelo e as pontas dos dedos, e correspondia a quarenta e cinco centímetros). A Arca foi venerada pelos hebreus, até seu desaparecimento dos relatos bíblicos, o que corresponde à conquista de Jerusalém e destruição do Templo, por Nabucodonosor II.

Davi não viu a obra terminada, e Salomão recebe a missão de concluí-la. Decide construir no Monte Moriá, e a obra foi do quarto ao décimo primeiro ano de seu reinado. Para isso solicitou a Hiram, rei de Tiro (na Fenícia) os operários necessários, pois não havia mão de obra especializada em Israel. Hiram atendeu Salomão, fornecendo artífices especializados em pedra e em madeira, e madeira do Líbano (cedro), recebendo em troca, cevada, azeite e vinho. Durante sete anos, mais de oitenta mil artífices e três mil Mestres teriam trabalhado na obra.

Hiram, de Tiro, incumbiu o mestre de obras Hiram Abiff, para a empreitada. Segundo alguns historiadores maçons, Hiram de Tiro era o Grão-Mestre dos maçons na Fenícia, e Salomão o Grão-Mestre dos hebreus, em Israel Hiram Abiff, Mestre no trabalho em bronze, ferro, ouro, prata, madeira, púrpura e linho (1º Rs., 5 e 2ª Cron., 2), era filho de uma viúva, da tribo de Nephtali. Reza a lenda que, Hiram conduzia a obra sem uso de martelos – todos os blocos se encaixavam perfeitamente. Ele dividiu os trabalhadores em três categorias, segundo suas aptidões: Aprendizes, Companheiros e Mestres.

Durante a obra, Abiff foi assassinado por três dos seus Companheiros: Jubela, Jubelo e Jubelum, que queriam possuir os segredos de Mestre. Hiram morreu, porém, não revelou o que sabia.

Salomão, não vendo regressar seu arquiteto, enviou nove Mestres para procurá-lo, os quais saíram divididos em grupos sucessivos de três. Os três assassinos esconderam o cadáver sob um monte de escombros e, plantaram sobre este túmulo improvisado um ramo de acácia, fugindo depois. O ramo de acácia revelou aos nove Mestres o local da sepultura do corpo de Hiram – abriram a tumba e retiraram seus restos, exclamando: “Mach Benach” (“a carne se solta dos ossos”). Salomão proporcionou a Hiram um enterro digno. Os três assassinos foram capturados. E Hiram “ressuscitou”.

Segundo Albert Pike (1809-1891), Grão-Mestre da Maçonaria americana (Rito Escocês) de 1859 a 1891, os assassinos desfecharam três golpes em Hiram Abiff, os quais, simbolicamente, representavam uma maneira de matar “espiritualmente” a humanidade: o primeiro assassino deu um golpe na garganta, desfechado com uma régua, que sufocaria a liberdade de expressão; o segundo golpe foi no coração, com um esquadro, que mataria a fraternidade entre os homens; e o terceiro foi na cabeça, com um maço (martelo grande, de madeira) para destruir o livre pensamento.

Os nomes dos três Companheiros que assassinaram Hiram Abiff, Jubela, Jubelo e Jubelum, simbolizam a ignorância, fanatismo e a tirania.

O Templo de Salomão foi destruído pelo exército de Nabucodonosor II, rei da Babilônia, em 586 a.C. – Nabucodonosor II mandou milhares de judeus para o exílio, na Babilônia. Em 538 a.C., o rei persa Ciro, derrotou os babilônios e uniu a maior parte do Oriente Médio num só estado, que ia da Índia ao Mediterrâneo, e permitiu que os judeus voltassem a Jerusalém. Foi iniciada a reconstrução do Templo, por Zorobabel, sob autorização de Ciro, e os judeus retomaram seus cultos.

Duzentos anos depois, com a derrota dos persas pelo macedônio Alexandre, O Grande, Jerusalém entra em contato com a cultura grega.

Em 200 a.C., Antíoco, rei dos selêucidas, mudou o nome da cidade para Antioquia e desfigurou o Templo, dedicando-o ao deus grego Zeus, proibindo a prática do judaísmo. Os macabeus lutaram contra os selêucidas por dezesseis anos. Em 141 a.C., instalaram um reino independente.

Em 63 a.C., o general romano Pompeu, tomou Jerusalém e, profanou o Templo. A Judéia ficou reduzida à condição de província romana, por Pompeu. Jerusalém viveu um caos, e trocava de mãos com freqüência. No ano 37 a.C., Herodes conquistou Jerusalém. Apesar de seu governo sanguinário, Herodes restaurou o Templo de Salomão – essa foi a terceira reconstrução.

Depois de muitas batalhas, revoltas, guerras civis entre facções judaicas, o Templo foi novamente destruído. Da estrutura original, restou somente o atual “Muro das Lamentações” (que, alguns autores afirmam ser do Terceiro Templo, o de Herodes).

  
Bibliografia: “Maçonaria sem Mistério”, de Cláudio Blanc (Editora Nova Leitura, São Paulo, 2006); “O Templo de Salomão na Tradição Maçônica”, de Alex Horne (Editora Pensamento - Cultrix, São Paulo, 2008); “A Vida Oculta na Maçonaria”, de C W Leadbeater (Editora Pensamento – São Paulo, 1969).

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