Marco Antonio Netto Teixeira, 33º, MMI
Forçoso me é
ressaltar para o fato de que a data de hoje, 14 de julho, na França não é
reservada para que seja comemorada a famosa “Queda da Bastilha”, que gravou,
indelevelmente, a sangue, na história política mundial e da humanidade, os
guilhotinamentos de vultos do processo da Revolução Francesa, mas como uma data
que entrou para o calendário cívico francês, como a celebração de um outro
evento: a Festa da Federação, realizada em 14 de julho, mas do ano de 1790,
quando, no ponto alto dessa festa, La Fayette jurou fidelidade à nação e à lei.
Por
ironia da história, esse solene juramento foi repetido pela multidão e, pasmem,
pelo próprio Luís XVI que, por sua vez, antes jurara ser fiel à Constituição.
Um “Te Deum” (hino litúrgico) encerrou a jornada, que terminou em vivas e
abraços.
Não
houve qualquer manifestação de contestação à monarquia, senão, e apenas, foi
ratificada a revolução, com os vivas à união nacional. Foi esse, portanto, a
disposição de vontades dos deputados do século XIX, que, tão somente, quiseram
associar ao 14 de julho de 1789, a “Queda da Bastilha”. Todavia, na memória dos
franceses e do mundo, a data sempre será rememorada como tendo sido em relação
ao dia em que o povo tomou a Bastilha, que era considerado como sendo o maior
símbolo do absolutismo francês.
A
minha homenagem hoje à data, pois, é direcionada para brindar aos três grandes
princípios que inspiraram, e ainda, continuam a nos inspirar a todos nós, os
Obreiros da Arte Real, para a construção de um mundo melhor, mais humano, onde
sempre prevaleça a vontade popular, através da democracia, o lema LIBERDADE,
IGUALDADE e FRATERNIDADE, que até os dias atuais está impregnado e
estigmatizado nos anseios de todas as nações espalhadas pelo planeta, muito
embora excluído das mentes patológicas dos ditadores desumanos, em que o mal
ainda insiste em sustentá-los em posição de dominação e mando.
Não
venho também a objetivar, numa manifestação materializada nesta singela nota de
demonstração de civismo e fraternidade, como homem livre e de bons costumes,
brindar aos guilhotinamentos do casal real deposto, Luís XVI e Maria Antonieta,
que tombaram sob os ruídos estrondosos dos muros da Bastilha, quando executados
em praça pública, sob os aplausos e risos de uma platéia por demais cansada do
despotismo e opulência ostentados pela coroa de França, cujo período foi
marcado por excessiva violência e ficou conhecido como o Grande Terror.
Não.
Não posso fazê-lo dessa forma, posto que seria o mesmo que homenagear a data
para relembrar atrocidades, que particularmente condeno, uma vez que igual e
triste destino também foi vítima o ícone revolucionário e brilhante maçom,
Robespièrre, que, em companhia de Marat, Danton, Hébert e outras mentes
iluminadas, tomou a Convenção Nacional, prendeu os líderes Girondinos e assumiu
o poder, dando início ao período da Convenção Montanhesca, sempre sob a
inspiração da luta pela liberdade, igualdade e fraternidade, que terminou por
difundir-se pelo mundo todo, até chegar ao Brasil, onde apaixonou os homens que
idealizaram a libertação da Colônia do jugo português, através de uma
conjuração organizada por grandes nomes, a exemplo de Tomás Antônio Gonzaga,
Cláudio Manuel da Costa e Joaquim José da Silva Xavier, o “Tiradentes”, que a
rainha Maria I teve por decisão malévola, não conceder a ele o degredo na
África, como o fez em relação aos seus três companheiros citados, preferindo
deixar o seu nome para a história, nomeando-o, tacitamente, o maior mártir do
Brasil.
No
Maranhão, onde a dinastia francesa pretendia fundar a “França Equinocial”,
também pulverizou os seus horrores, vindo a atingir o nosso idealista mór,
Manuel Beckman, o “Bequimão”, que a exemplo de Robespière e Tiradentes, também
foi executado em praça pública, desta feita em minha bela São Luís, à beira-mar,
lançando o seu último e vital olhar à baia de São Marcos, na certeza de que
iria sucumbir, para poder deixar nascer no povo do Maranhão, os vivas à LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE.
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